Introdução
Confesso que não é fácil escrever. Sou uma pessoa extremamente sociável, amo conversar sobre tudo, mas a escrita sempre foi um desafio. Curiosamente, me conecto comigo em lugares movimentados, onde consigo focar e produzir por horas a fio. Hoje, por ironia do destino, estou em uma biblioteca nacional em Erevã, na Armênia, um lugar que nunca imaginei conhecer. É daqui, de uma mesa de madeira, rodeado de estudantes em um prédio Soviético de 1918, que dou início a este blog.
A Faísca
Sou formado em Análise de Sistemas, mas minha curiosidade sempre esteve na criação de um produto digital. Programar, no entanto, sempre foi minha paixão. Desde 2016, quando escrevi minha primeira linha de código no Tumblr, eu sabia que o frontend me traria alegria. Hoje, quase 10 anos depois, as coisas mudaram. E tá tudo bem! Aos 17, somos levados a escolher uma carreira em um momento de pura volatilidade, o que nos leva a ter várias crises. Mas o que nem sempre nos dizem é que podemos mudar quantas vezes quisermos. Agora, após 7 anos de carreira, decidi dar início a um novo capítulo. O motivo?
Em muitas empresas, enfrentei um problema recorrente: a falta de priorização do que deve ser entregue. É fundamental que uma empresa que produz software entenda seu mercado e, a partir disso, monte a estratégia do que será entregue ao cliente. Mas nem sempre isso acontece. Com a alta rotatividade de pessoas nos times, a essência do negócio se perde e a documentação falha, deixando o próximo profissional cada vez mais perdido. A diretoria foca no lucro, o time de produto tenta agradar, e os programadores ficam sem rumo, com um resultado óbvio: prejuízo.
Estando na "base da pirâmide", comecei a sofrer com as más escolhas da gestão de produto. Nós, programadores, geralmente definimos o COMO, não o PORQUÊ. E, muitas vezes, essa decisão precisa ser conjunta. Para explicar melhor, gosto de usar uma analogia:
"O código é como um produto alimentício, tem prazo de validade. O conservante te dá tempo, mas uma hora ele vai estragar."
Ou seja, uma solução idealizada pelo time de produto, muitas vezes, não pode ser feita da forma que eles querem. Imagine se o código não suportar a mudança, seja por sua idade, performance ou outro motivo? É aí que a confusão começa, e a razão é simples: a comunicação não existe. Cansado de estar na base, decidi começar a escalar a pirâmide pra tentar mudar isso.
Os Primeiros Passos
Networking para mim sempre foi algo interessante. Usei isso a meu favor para iniciar minha pesquisa: "por onde e o que estudar para migrar de carreira?"
Mergulhei no LinkedIn, analisando o perfil de PMs que sigo, pesquisando universidades, cursos e bootcamps. Cogitei estudar no exterior, mas ao encontrar a força da comunidade brasileira, pensei: "se eles chegaram lá por aqui, por que buscar algo mundo a fora por agora? Vamos com calma."
Minha pesquisa pessoal me levou a conversar com três pessoas-chave. Primeiro, o Danilo, o CTO da minha antiga empresa, me ensinou muito sobre liderança. Depois, o Bruno, um ex-PM, me fez olhar para o mundo de produto com mais carinho. Por fim, conheci o André nas montanhas da Bulgária, e ele me deu dicas cruciais para as minhas decisões. E, sim, trabalhar remotamente e viajar pelo mundo é ótimo para networking! Tenho pena de empresas que enxergam isso como algo não produtivo e ameaçador.
Após muita pesquisa, cheguei à PM3 e à nova pós-graduação da FIAP em Digital Product Management, que tem o foco total em transição de carreira. Nas duas primeiras aulas, fiquei de boca aberta com a qualificação dos professores. Como aluno, também tive acesso a vários cursos da PM3 e essa variedade de fontes, se bem utilizada, pode fazer teu senso crítico disaparar, amo isso!
A Dupla Interface
Sempre odiei estudar, até descobrir a minha forma de aprender. Quando ouço algo, reescrevo com minhas palavras e vejo que é útil, a motivação me leva a ir além. Foi com essa energia que o blog Dupla Interface nasceu.
Por aqui, vou documentar toda minha trajetória, trazendo os desafios, ideias e insights sobre minha transição de carreira. Não é uma tarefa fácil, pois o feed do LinkedIn muda, a sede por conhecimento migra do técnico para o estratégico, e surgem comentários inoportunos nas redes ou vindo de conhecidos. Mas, como tudo na vida se conquista com hábitos, uma vez criado, não pode ser perdido. Vamos, pouco a pouco, até o primeiro topo!
Espero que você, aí do outro lado da tela, aprenda algo comigo e se torne mais empático com seus programadores ou PMs. Juntos, podemos transformar as falhas nas equipes e construir um verdadeiro dream team.